sábado, 25 de janeiro de 2014

Inópia fumaça...


E o que somos agora?
É esse o tão inesperado fim?
É assim que termina essa história que até instantes atrás era nossa? Eu já sentia o fim se aproximando, eu sentia que já não éramos os mesmos, algo havia mudado. Nós tínhamos consciência da nossa existência e, isso determinou o fim. Já não era mais dois loucos apaixonados, não era mais eu e você e o futuro tão incerto... Deixou de ser fantasia real, mudou o verbo, o tempo e o sujeito.
Enquanto era só uma brincadeira, um amor sem pretensão, um fim de tarde olhando o céu, passos descompassados na pista de dança, um abraço apertado enquanto cantávamos que o tempo nunca foi nosso problema, havia pólvora para queimar no teu fogo...
Durou enquanto não havia nada além de nós, o “nós” era suficiente, mas não nos contentamos com isso. Queríamos ser algo, namorados talvez? Tentamos nos definir em algo para concretizar a existência de um amor tão fora das definições, tão distante dos amores convencionais. Que ingratos que fomos, hein? Nós éramos a ausência de definições e éramos reais.
E agora?
O que faço com os beijos que não te dei? E os abraços tão calorosos? O que eu faço com o futuro que sonhamos pra nós? As viagens que diversas vezes dissemos que faríamos... E o que planejamos? Eu simplesmente descarto os filhos que não tivemos, a casa que não compramos, os poemas que iriamos escrever? E a parte sensível de mim que te apresentei outro dia, o que você vai fazer com ela? E a sua parte sensível, eu simplesmente abandono por aí?
Então é isso.
A pista de dança vai mesmo ficar vazia. Não há mais quem dance aquela música... Não há mais quem dance a nossa música.
Diga-me, era impossível desde o início? Ou só se tornou no final?
Por isso mesmo curtimos ao máximo. Por que era impossível. Eu sei.  Enquanto tinha vida na pequena fogueira que nos aquecia, nós dançamos, brincamos e nos amamos em volta dela. Sem medo de nos queimarmos. E de fato, não foi o fogo que nos extinguiu, mas a ausência dele. E o que sobrou? Medo? Raiva? Arrependimento? Não... Sobrou uma pequena e inópia fumaça de dois loucos apaixonados.
O que farei a partir daqui? Já apaguei teu número, já risquei teu e-mail da minha agenda, já não escuto a nossa música e, te guardei em um algum lugar dentro de mim aonde é impossível ser esquecido, mas que com o tempo aprenderei a lembrar-te sem que me doa tanto.
O que nos resta? Bem... Não coube a nós ser felizes juntos. Separados, saberemos nós ser felizes?
O restante já não importa...