sábado, 21 de dezembro de 2013

Que venham...


Depois de um ano inteiro falando tantas e tantas vezes sobre aventuras, como poderia ser o último texto ano?
Isso: desejando aventuras para o novo ano. Proibi-me de fazer isso, de desejar um monte de coisas como se existisse uma varinha de condão que vai mudar tudo exatamente ás 11h59min do dia 31 de Dezembro. Aconselhei-me de que ter expectativas é um perigo, mas não consigo...
Que 2014 traga uma infinidade de aventuras! Ou melhor, que em 2014 se VIVA uma infinidade de aventuras.
 Já tinha até escrito outro texto fazendo um balanço sobre esse ano. Contudo, desculpem-me, caros leitores, mas preciso mesmo é de aventuras...
Quero sair do estado de observar a vida acontecer e acontecer junto com a vida.  Não pensem que vou fazer uma mudança extraordinária na minha vida do tipo que meio mundo de gente vai comentar que sou louca ou coisa do tipo... Não.
 Quero aventuras das quais EU me pergunte se fiquei louca. Quero o frio na barriga ao sentir que por mais difícil e complicada que a vida é, está valendo a pena.
 Quero ser infinita. Só por um minuto... ou por um segundo, quem sabe, mas quero.
Às vezes os dias ruins nos tiram a certeza de que sempre haverá a primavera em algum lugar... Somos impelidos ao medo, medo de encarar o que nos causa medo. E assim, passamos dias e dias das nossas vidas pensando em como seria divertido fazer aquela viagem que tanto sonhamos, ou comprar aquela casa que queremos, ou fugir sem deixar pistas e depois voltar, ou seja, o que for... Há sempre algo em que tantas vezes você pensou que seria divertido fazer, mas então pareceu loucura e deixou pra lá.
Sim. Também tenho uma lista cheia de coisas como: terminar a faculdade, casar, ter filhos e um monte de outras coisas que nós somos normalmente ensinados a chamar de futuro. Mas, quero mais que o futuro, quero também o presente.
Por isso, escrevo. Por que acima de um futuro longo e brilhante, quero um novo ano cheio de um “presente” bem vivido, tão cheio de aqui e agora que não haja tempo para pensar que o futuro é amanhã. O futuro é hoje, é o aqui, é o agora, é o presente.
Ninguém está errado em ensinar que é prudente planejar um futuro. Mas, estamos todos errados quando achamos que sempre teremos um futuro em que iremos fazer aquilo que sempre desejamos fazer. Alguns de nós talvez nem tenha futuro, outros o terão de formar pouco proveitosa e, então, alguns de nós chegaremos ao futuro promissor porque de fato entendemos que se vive no presente.
Era para estar escrevendo sobre aventura e, no entanto, não paro de falar de presente e futuro... De certo, por que talvez ambas as coisas estejam tão interligadas que seja impossível se fazer uma separação. Podemos planejar uma aventura para o futuro, mas jamais poderemos viver uma aventura no futuro. Viver é presente.
E aqui quero deixar também meus sinceros agradecimentos, pois esse blog foi de fato uma aventura bem vivida, seja na hora em que a ideia rompeu em minha mente e saltou para o papel, ou pelas tantas vezes em que foi preciso espremer a minha mente até ela soltar uma ideia.
Agradecer a Deus pelo presente da vida, ao meu grande amigo que me deu o Relicário de presente, à minha irmã adotiva por me ajudar a enchê-lo de pérolas preciosas, ao meu amor que antes mesmo de ser meu já era inspiração para tantos poemas e textos, à minha amiga que tantas vezes me escutou e ajudou a amadurecer as ideias que aqui propus e, principalmente, ao meu querido leitor que tornou de fato está aventura possível, interessante e construtiva.
A verdade é que não há varinha de condão nenhuma, mas que o novo ano possa renovar nossas forças e esperanças, afim de que possamos viver ao invés de só planejar. E que esta aventura em particular chamada escrever, dure muito e muito.
Um abraço carinhoso...
E que venha 2014.
P.S.: Que não se perca mais nenhum minuto
 esperando o futuro acontecer.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Contido

O que eu deveria fazer com essas palavras?
Escrevê-las?
Elas não gostam do papel.
Recusam a se limitarem em uma única definição
E, na ânsia de dizer tudo nada dizem.

Mas continuam aqui,
Ameaçando romper e transbordar
E assim, levar consigo tudo que ainda não foi enraizado.
Uma represa de palavras e vírgulas,
O que poderia ser mais perigoso?

Palavras outrora doces e gentis,
Que ao invés de se deleitaram no papel,
Ameaçam corroê-lo. 
Como estão contidas,
Corroem a alma do poeta.

Então, o poeta espera ansiosamente,
Intuitivamente, para que a represa arrebente.
Que as palavras escorram,
Ainda que levando consigo o que puder,
Por que o poeta não suporta estar contido.



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

...um abraço.


É que eu não esperava, sabe? Digo, eu estava no meio de uma crise. Eu sei que você não fazia ideia, mas o fato é que as coisas estavam meio cinza. Talvez, você ainda não faça.
Você já teve muitas oportunidades e nenhuma parecia a certa? Era mais ou menos isso. Eu sinceramente não sabia aonde ir, ou porque deveria ir.
 Engraçado, eu precisei me perder do caminho pra encontrar com você. Acabei descobrindo que nunca estive perdida, as coisas só tinham que ser assim. E olha, eu não acredito muito em destino ou acaso.
Mesmo quando eu olhava o seu sorriso de menino bobo, eu não tinha certeza alguma. Contudo, de uma forma estranhamente natural eu sorria também.
O que eu tinha a oferecer a alguém como você? Sinceramente, alguns poucos versos. Eu tinha tanta bagagem mal resolvida que me impedia de descer um degrau e encontrar você no fim da escada.
Lembra quando me disse pra não se embaraçar? O irônico é que ninguém poderia estar mais embaraçada com a vida do que eu.
Quer saber por que resolvi me arriscar? Eu precisava saber como era o teu abraço. Já pensou? Tudo por causa de um abraço.
Dentro do teu abraço eu não encontrei um norte ou uma bussola. Eu me encontrei. Como se tivesse marcado um encontro comigo mesma, dentro dos teus braços. Eu era leve de novo.
Como eu disse, eu não esperava. Contudo, naquela noite dentro dos teus braços, eu encontrei você...
Por isso eu te escrevo, porque quando menos esperava, eu encontrei meu amor.



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Viver é como andar de bicicleta...


Hoje foi um daqueles dias em que você acorda cedo demais, tão cedo que ainda é noite, contudo, já se pode dar “bom dia”. Depois de tanto relutar com esse terrível e abençoado mal chamado insônia, depois de me remexer na cama o quanto pude, depois de relutar pelo sono, de clamar por ele, de choramingar por uns minutos de dormência consentida, lá estava eu. Acordada a plena quatro e meia da madrugada. Desperta. Enfrentando o bichão papão dos adultos, de luz acesa, baby-doll rosa bebê, um xícara de café quente e, uma multidão de ideias e palavras dançando no meu subconsciente.
Maldita insônia!
Uma única ideia tomava forma no meio daquele amontoado de letras e códigos que sucumbiram na minha mente. VIVER É COMO ANDAR DE BICICLETA. Aonde vi essa frase? De quem é essa frase? E o porquê de ela não sair da minha cabeça? Eu não sei. Acho que a frase não estar completa, mas não me lembro do final. Então, sou invadida por uma angústia, como se fosse obrigada a achar a chave de um mistério que não sei qual é, mas sinto que meu mundo subjetivo precisa dela pra sobreviver.
Insônia maldita!
No entanto, por que viver é como andar de bicicleta? Bem... o que é preciso para andar de bicicleta? Equilíbrio? Sim, é preciso de equilíbrio. Mas, porque inferno estou acordada no meio da noite, melhor, da manhã, por causa dessa frase? Porque a vida precisa de equilíbrio, e o meu acabou de ser roubado. Espera! Acabou? Não, não, não. O meu havia sido roubado, horas antes, quando eu me deixei ser atravessada por aquele discurso estúpido que alguém recitou dizendo que não daria certo. 
Droga! Mas que droga de equilíbrio é esse que se esvai na primeira tempestade? No primeiro voto contrário que recebe ele se entrega e diz que realmente estava errado, nunca daria certo. E agora? Agora eu estou aqui, no meio da madrugada, tentando colar os frágeis pedaços que sobraram do ataque iminente. Refaço cada passo que havia dito que era preciso seguir para então, alcançar o sucesso. Faço e refaço. Digo e repito. Leio e recito. Um por um, estão todos ali, numerados em ordem de importância e dificuldade, estão todos ali. Os benditos passos para a gente poder dar certo. Mas, para. Para!
VIVER É COMO ANDAR DE BICICLETA! Como? Viver é como andar de bicicleta... Sim! Nunca houve manual. Nunca foi preciso ler um manuscrito, um livro ou um artigo, nada. Não é preciso decorar as regras, ou recitar um manual. Só é preciso sentar lá, pedalar e olha pra frente. Ainda lembro quando aprendi a andar de bicicleta, foi isso que me disseram. Não houve discursos, aulas ou explicações. Primeiro eu implorei para que não me soltassem, eu ainda não tinha equilíbrio, eu tinha medo de cair. Depois, eu comecei a pedalar e direcionar a bicicleta sozinha. Então, quando eu estava no auge da minha sabedoria, quando achava que tinha aprendido tudo, caí. Sim, caí.
Bendita insônia!
Eu não preciso dessa folhinha com itens rabiscados. Ninguém precisa. Cada um de nós aprendeu a andar de bicicleta do nosso jeito, caímos as nossas próprias quedas, arranjamos as nossas próprias cicatrizes e achamos o nosso próprio jeito de pedalar.  Agora, é a hora de pedalarmos lado a lado, mas para isso também não há regra.  Acharemos o nosso próprio equilíbrio. Claro, iremos cair algumas vezes, mas isso é o equilíbrio.
O equilíbrio nunca foi um lugar fixo, não é o PH 7. Não! É saber ser ácido, neutro e base à medida que a vida nos pede e necessita que sejamos. Como eu não tinha percebido isso antes? Bendita insônia. O que seria das almas velhas e sensíveis se não existissem as madrugadas silenciosas e turbulentas.
Sim, viver é como andar de bicicleta. Espera... espera. Agora lembrei! Viver é como andar de bicicleta, só é preciso estar em movimento. Pois é...  Agora, sentada na poltrona e olhando o sol invadir a minha sala pela brecha da janela, eu sinto que estou em movimento e, melhor ainda, eu sinto que poderia pedalar em direção a qualquer lugar, mas, felizmente, eu só quero um destino... 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

No fim do dia,

Por que no final da tarde dá mesmo essa vontade de deixar pra lá. Não importa quantas xícaras de café ou taças de vinho que vamos esvaziando quase sem perceber, a noite se aproxima tão pesada e solitária que tenta afundar o que há de concreto em nós.
No fim da tarde estamos tão cansados que só queremos ser acolhidos, procuramos cada lugar pequeno, apertado e escuro onde possamos nos esconder dessa imersão não consentida. Queremos tropeçar e cair, torcendo para que a queda machuque, porque assim poderemos chorar uma dor física e no meio de toda lamentação colocaremos também toda a frustração invisível.
Às vezes, quando o sol vai se pondo, revelamos a parte mais sensível e delicada que possuímos. Somos fracos, cansamos de ser forte. Os discursos outrora escutados com desdém agora nos atravessam como fecha inflamada bem no meio das nossas certezas de concreto. É efeito dominó, colocamos tudo em cheque. Será que vale a pena? Será que vale mesmo a pena?
Por isso mesmo queremos nos esconder, estamos expostos. Estamos indefesos, assustados e sem rumo. Tudo é motivo de dúvida, de se pensar umas duas vezes ou até mais. Não queremos fazer investimento sem fundo, queremos ser fortes. Contudo, estamos cansados de sermos super-heróis. E no fundo não é do mundo que estamos com medo, mas das nossas escolhas, daquilo que não escolhemos e daquilo que queremos.
O engraçado é que no fim do dia acabamos pensando, o mundo é mesmo um sujeitinho egoísta que não se importa com as feridas e confusões da alma humana... Mas, só estamos cansados de ser tão mecânico e impessoal. Não dá pra ser filtro o tempo todo, estamos tão cansados de selecionar o que nos atravessa ou não, mas ser esponja também é assustador.
E é assim que amanhecemos em uma noite afundada em escuridão: cansados, assustados, com as certezas a despencar ladeira abaixo, com uma garrafa de café ou vinho vazia, com a alma inundada em tanta incerteza.
Só não sabemos que no fim da noite poucas coisas terão sobrevivido ao fim de tarde. As certezas de concreto vão mesmo se esvair, é natural. Contudo, as "certezas por um fio" permaneceram intactas, elas podem ser imersas as mais profundas tempestades e avaliações, sempre, e sempre, irão emergir ainda mais fortes e invisíveis.  
E o caminho de casa... Podemos mudar as certezas de lugar, podemos mudar as incertezas de lugar, podemos mudar a casa de lugar, mas jamais esqueceremos o caminho de casa. Jamais nos esqueceremos de quem nos deu abrigo no fim do dia. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Nasci assim...


O meu verbo é solto pra falar mesmo é de sentimento.
Não sei criar grandes histórias cheias de dragões, princesas presas em torres, cidades em ruínas ou heróis. Todas elas me cansam a escrita, precisam ser minimamente detalhadas, detalhes que não percebo e que desconheço.
Gosto mais quando as palavras brincam como crianças descomprometidas e sem querer acabam dizendo a verdade da vida. Sim, verdades. Delicio-me principalmente com as verdades ocultas, com o que não está dito diretamente, mas indiretamente foi declarado com clareza e sutilidade.
Carrego comigo uma sensibilidade oculta, que por vezes me machuca e me despreza, mas que ama as coisas subjetivas da vida. Ama o que está por trás do que foi dito e ama ainda mais a conversação do silêncio.
Se tiver de carregar o fardo das palavras, que seja então sobre aquilo de que sou feita. Que se escreva sobre os dias de chuva, sobre as gargalhadas bem dadas... Por que não falar de decisões tomadas às pressas, de amores errantes, de cotidiano, de planos, de textos que li e de pessoas que não sei quem são, mas nunca esqueci? Por que negar que amo essa monotonia chamada vida, que sou apaixonada pelas infinitas possibilidades da alma humana? Suas certezas, suas verdades mesquinhas, seus amores eternos que duram semanas, suas paixões vulcânicas que duram uma vida, seus destinos cruzados, seus sorrisos e suas lástimas...
Nasci assim...
Amo tudo que é subjetivo. Amo mesmo, de verdade. Tudo que cruza a linha do invisível aos olhos, mas que é concreto nas medidas da alma - se é que há medida para a alma, duvido muito que exista - me fascina.
Tenho, sim, tenho sempre comigo grandes histórias, mas de pessoas que aparentemente são simples e comuns, vou contando-lhes aos poucos. Uma de cada vez, na medida em que forem sendo necessárias e exigidas. Quando não tiver uma história, terei então uma prosa ligeiramente doce, baseada em histórias supostamente comuns. Ou quem sabe fale de mim, do que carrego comigo, pode ser um medo infantil, uma necessidade urgente, uma aventura, uma descoberta, um amigo... Ou quem sabe fale da saudade, afinal é ela que tem me preenchido esses dias.
Contudo, o fato é: nasci mesmo foi pra falar de sentimento... 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

...

É nessas noites frias e (  ),
Que a poesia me ar r e   d    a  o pé,
O céu tão sereno quer ter um ter    mo       de calmaria,
                                                           re        to 
A saudade tão saturada ameaça   E   R.    I
                                                           X    P      D 
                                                                   L      O         

- D. Andrade

domingo, 29 de setembro de 2013

Domingo



Domingo de manhã.
Acordo cedo, mas me falta a coragem de levantar. Então, penso sobre o futuro, descubro que eu tenho a obrigação de inventar e reinventar o amanhã quantas vezes for necessário.
Estou pelo avesso.
Sonho de pálpebras abertas, canso de idealizar e me remexo nas cobertas, mas ainda me falta á coragem.
A minha cadela me olha e late.  Ela já percebeu que o dia amanheceu faz tempo, e também quer acordar.
Ignoro.
Finalmente me enfado, nada de cama, cobertas, e fantasias. Levanto. Ainda com a roupa de dormir alimento a cachorrinha, só depois começo a preparar meu café. Enquanto a água ferve, divago se estamos sozinhos no universo.
Será?
Depois ponho algumas seletas coisas no lugar, só para fingir que o meu subconsciente vai acreditar que está tudo arrumado.
Coloco para tocar Ana Carolina, quando na verdade eu queria mesmo era o silêncio.
Banho.
Ligo a televisão.
Já é Domingo à tarde.
Almoço.
Televisão.
Mudo de canal.
Crise econômica, o mundo também está pelo avesso.
Mudo de canal.
Minha banda favorita está tocando em um programa qualquer. Mas, eu nem tenho uma banda favorita.
Mudo de canal.
Um filme de comédia. Estou sem espírito de acreditar que o amor é algo engraçado e no final tudo vai ficar bem.
Mais uma mudança de canal.
Eu poderia está escrevendo.
Ou lendo aquele livro maravilhoso, mas que já estar empoeirado na prateleira.
Ou poderia começar uma revolução agora mesmo.
Ou quem sabe realizar o sonho de passar uma tarde inteira deitada.
Talvez eu devesse preparar aquela receita deliciosa que vi outro dia.
Não sei mais o que assisto.
Tenho vontade de fazer tanta coisa.
Penso em gente que me esqueceu.
Lembro-me de amizades que se foram.
Crítico o radicalismo.
Enfado-me e tento escrever poesia sem sentido para tentar aliviar esse tédio.
Não tem importância.
Afinal, amanhã é segunda feira e a vida pede o ritmo de louco corajoso novamente.
Amanhã eu vou encarar um leão bravo chamado sobrevivência.
E eu ainda vou estar entediada e solitária.
Mas, me faltará tempo para pensar nisso.

domingo, 22 de setembro de 2013

Acalma,

Acalma coração,
Chega de pressa ou indecisão.
O tempo voa nas asas da precisão.

Acalma tempestade,
O sol já se mostra ao longe.
Vai ser dia até de tarde.

Acalma paixão,
Já tu passas.
E o que ficar é o que vai ser ou não.

Acalma ansiedade,
Roer as unhas é bobagem.
As horas voam, é verdade.

Acalma futuro,
Viver é gerúndio.
E a surpresa é sempre um ar puro.

Acalma poesia,
Rimar é amar.
Inspiração é maresia.

Acalma menina,
Perigoso é ter medo.
Deixa nascer esse amor que descortina. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A aventura de viver...


Em um desses dias de sol, me peguei olhando antigas fotografias. Antigas, não pelo tempo, mas pelas mudanças. Pouco tempo se passou desde as últimas fotos, contudo há uma distância atemporal entre o passado recente e o presente fugaz.
Mudamos.
A roupa, o cabelo, o jeito de falar, a música que ouvia, o poema que lia. Mudamos. Contudo, ás vezes, continuamos a percorrer as mesmas avenidas, a entrar nas mesmas ruas sem saída e, não mudamos nada.
Viver é como dirigir. De vez em quando, é preciso parar e reabastecer. Encher o carro de combustível e se aventurar por novas estradas, novos rumos, novas pessoas. Não dá para passar o conjunto indefinidos de dias que temos neste palco imensurável dirigindo de casa para o trabalho, e só.
É assustador. E se eu me perder?
São os riscos.
Por vezes, perco-me numa nostalgia infantil, lembrando de coisas de quando era criança, as brincadeiras, os sorrisos, as histórias, os dias de chuva. Não sei... Tenho medo de que se tiver a oportunidade eu acabe voltando pra lá.
É perigoso, ficar preso ao passado.
Olhando as fotos, vi minha alma dentro de um corpo jovial, não que eu seja velha, não. Jovialidade é mais estado de espírito do que anos de vida. Como disse, não se passou muito tempo. Contudo, a mocinha da foto era diferente. Inocente. Corajosa. O tempo atemporal nos torna conhecedor e temeroso.
Eis aí uma linha tênue que deve ser considerada.
Depois de bater o carro algumas vezes, depois de inúmeros dias "perdidos" nas oficinas da vida, ficamos medrosos, queremos percorrer sempre e para sempre o mesmo caminho. Se é que queremos percorrer...
É possível percorrer sempre o caminho de casa pro trabalho e só. Não quero. Não quero porque há um mundo lá fora, há dias de chuva, há um nascer do sol pronto para ser visto, há um amor para ser amado e, principalmente, há um eu para ser vivido.
Quero parar. Sim, parar sempre que der na telha, parar no dia sol, parar na noite de lua e descansar. Descansar. Sem medo. Escrever uma poesia e deixar uma poesia me escrever.
Que você possa querer também.
E é justamente por querer que, hoje, me despeço da mocinha da foto. Ela foi uma aventura, mas já vivida. Quero outras.
Que venham novos rumos e destinos.
Sem pressa. Sem medo. Sem cobranças. Sem GPS. Sem malas pesadas. Sem hipocrisias. Sem utopias exageradas.
Com uma pitada de bom humor, leveza e sinceridade, que tenhamos boas aventuras.
Só não esqueça que se aventurar é bem mais que escalar uma montanha ou pular de um lugar alto. Ás vezes, aventura não significa altos níveis de adrenalina. Aventura é também um dia de calmaria.
Por fim, que não nos falte a coragem e a delicadeza de se aventurar em si mesmo e, nem a vontade de si aventurar em outros tantos. Afinal, essa é a aventura de viver.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

"Os porquês."

Nunca entendi os “porquês”.
Por que eu amo?
Amo porque simplesmente amo.
Por quê?
O amor não precisa de um “porquê”.
É isso que me confunde.

Um voo...



Chega.
Depois de me culpar, de me cobrar e insistir para que criasse um conto misterioso, cansei. Cansei de repetir para o meu subconsciente: “vamos lá, comece a trabalhar, crie um personagem que depois de gerado acabe por adquirir vida e caminhe por aí, contando as próprias histórias”.
Cansei porque os meros personagens que invento, partes de mim que quando elaboradas e construídas se desprendem e se reinventam, não conseguiriam narrar os fatos que me envolvem.
Felicidade é acima de tudo, sentir.
Não há palavras que possam externalizar a condição de euforia subjetiva em que me encontro.
A verdade é, há tipos e tipos de felicidade. A que se compra e se vende, a que ti deixa com ressaca moral, a que ti faz se olhar no espelho e se sentir maduro, aquela eufórica, a deprimente, a superficial, a dos pequenos infinitos particulares, a do sorriso de bobo, a da gargalhada e, a subjetiva.
Particularmente, a minha preferida.
Felicidade subjetiva não é uma condição, mas um estado.
É sentir-se vivo, como se um beija flor tivesse lhe roubado um beijo, ou se borboletas lhe fizessem revoadas no estômago. É não ter necessidade de se completar, mas estar completo.
E agora, diga-me! Quais palavras estariam aptas a narrar essa condição?
Não sei...
Sempre desejei ser, nem que só por um minuto, um pássaro. Sei lá, poder abrir as asas e contemplar o universo, um voo...
As poucas vezes em que estive de mãos dadas com a ventura impalpável, foi quando estive mais perto de voar.
Não há uma receita, um guia ou um manual.
É “simples”, como abrir as asas.
E, sinceramente, eu não quero narrar, não quero encontrar personagens que mintam vivenciar o que sinto.
Eu sinto e, isso me basta.
Vou resguardar toda a minha imaginação para quando estiver lá em cima, de asas abertas e com o vento por companheiro. 

Eu, você...

Eu tão certa.
Você tão cauteloso.
Eu tão séria.
Você tão menino.
Eu tão poeta.
Você tão inspiração.
Eu tão óbvia.
Você tão mistério.
Eu tão reticências.
Você tão ponto e vírgula.
Eu tão poesia.
Você tão melodia.
Eu tão apaixonada.
Você...

O amor tem dessas coisas.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Um final de tarde...


O sol começava a se por, o céu já havia abandonado a calmaria azulada e tomava forma num vermelho tempestuoso, o vento soprava calmo e sereno. Quando o vento passava assanhava seus cachos castanhos, mas ela não estava tão preocupada com isso agora, tinha lido em algum lugar que isso fazia parte do cenário e, de alguma forma, a tornaria mais bonita.
Estavam há horas sentados ali, conversando sobre o céu, rindo do passado e brincando de inventar o futuro. Contudo, não tinham coragem de falar no presente, de decidir o agora e, ambos, continuavam ali.
Preocupados com o futuro... O futuro de um futuro relacionamento. As implicações e responsabilidades de um “sim”. Que se gostavam? Disso não havia dúvida. Mas e se não fosse suficiente? E se não soubessem o que fazer com o que sentiam? Se estragassem tudo? Ou, melhor, se fosse impossível um futuro relacionamento?
Ele ouvia cada palavra que ela dizia, como se estivesse com medo de perder algo e tudo era precioso demais para ficar perdido no ar. Como podia? Tudo o que se mais quer é o que mais lhe causa medo? Ela sorriu e, só por ela ter sorrido ele sorriu também. Ela estava falando há um tempo, mas não tinha problema porque ele gostava da sua voz.
A certeza de que o outro seria capaz de lhe compreender os segredos mais profundos pertencia aos dois, mas ninguém falava nada por medo de que ele ou ela se afastasse com medo. E por causa do medo ninguém fazia ou dizia, permaneciam reféns do silêncio.
Mal sabiam eles que já estavam em um relacionamento, sem cobranças, sem exigências, sem insultos, sem obrigações. Contudo, eles tinham embarcado por acaso, amor ou destino...  eles tinham embarcado no mesmo trem. Que coisa, não? E o medo... o medo não era de seguir em frente, mas de perder o que tinham, de transformar a magia em obrigações supérfluas que sepultariam o amor.
Às vezes, tornamos o amor uma coisa tão grandiosa que ele acaba por ser também inalcançável. O amor exige coragem, não o que o senso comum acostumou-se a chamar de coragem, não é de se armar que o amor precisa, mas, simplesmente, de se desarmar.
O futuro de um relacionamento, por incrível que pareça, não está no amanhã. O amor caminha de mãos dadas com o presente. Enlaçado com o respeito, confidente da empatia, amigo fiel da sinceridade, amante leal do bom humor, mas de mãos dadas com o presente.
É possível declarar o amor e não encher o outro de exigências, mas deixar o outro se encaixar e preencher o nosso vazio por livre e espontânea vontade.
Bem, como foi o fim da tarde, ou se eles foram corajosos o suficiente, eu não sei. Algumas histórias não merecem ter um único final, por isso deixo essa lacuna em aberta. O fato é que eu, realmente, espero que sim, que o amor seja declarado e vivenciado. Eles mereciam.

P.S.: Se alguns soubessem o quão raro é o amor, não seriam tão cautelosos em vivenciá-lo. Algumas oportunidades são únicas.














                                                         

Eu amo

Fiz da solidão a minha melhor companhia.
Do medo o meu maior suporte.
Do silêncio o meu melhor barulho.
Das palavras o meu pior fardo.

Em claro, passo grande parte das minhas madrugadas.
Tentando consertar o que não está errado.
Talvez, tentando enxergar o erro.
Se perdendo em tantas especulações.

“Respiro tentando encher os pulmões de vida.”
Eu quero e escapo...
Dessa vida de tantas escolhas e poucas verdades...
Embalo-me.

Queria mesmo era entrar no taxi pra estação lunar.
Sem coragem, mendigo...
Mendigo coragem.
Ou será só um convite?

Por você eu me colocaria a disposição para arrumar toda essa bagunça.
Mas, o motivo não pode ser você...
Tem que ser eu!
Só então caberá você.

Não precisa me compreender...
Só tenha a decência de não me julgar.
Eu odiaria isso vindo da sua parte...
Eu não sou só melancólica e, você, não é qualquer um.

Qualquer hora dessas eu me acerto.
Me aceito e me completo.
Ou talvez não...
O meu desacerto pode ser o meu maior acerto.

Só não esqueça que você é importante...
Só não escrevo “eu te amo”...
Por que eu dificilmente saberia como escrever isso...
Mas eu sinto...

Não como sentem os amantes...
Nem como amam os apaixonados.
Amo ao meu modo, meu tempo e minha maneira,
Eu amo.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Palavra

P  A  L  A  V  R  A
P  A  R  A
         L  A  V  A
                       R A R A
                                  A
                                          A  L  M  A     

D. Andrade