O meu verbo é solto pra falar mesmo é de sentimento.
Não sei criar grandes histórias cheias de dragões, princesas
presas em torres, cidades em ruínas ou heróis. Todas elas me cansam a escrita,
precisam ser minimamente detalhadas, detalhes que não percebo e que desconheço.
Gosto mais quando as palavras brincam como crianças
descomprometidas e sem querer acabam dizendo a verdade da vida. Sim, verdades. Delicio-me
principalmente com as verdades ocultas, com o que não está dito diretamente,
mas indiretamente foi declarado com clareza e sutilidade.
Carrego comigo uma sensibilidade oculta, que por vezes me
machuca e me despreza, mas que ama as coisas subjetivas da vida. Ama o que está
por trás do que foi dito e ama ainda mais a conversação do silêncio.
Se tiver de carregar o fardo das palavras, que seja então sobre
aquilo de que sou feita. Que se escreva sobre os dias de chuva, sobre as
gargalhadas bem dadas... Por que não falar de decisões tomadas às pressas, de
amores errantes, de cotidiano, de planos, de textos que li e de pessoas que não
sei quem são, mas nunca esqueci? Por que negar que amo essa monotonia chamada
vida, que sou apaixonada pelas infinitas possibilidades da alma humana? Suas
certezas, suas verdades mesquinhas, seus amores eternos que duram semanas, suas
paixões vulcânicas que duram uma vida, seus destinos cruzados, seus sorrisos e
suas lástimas...
Nasci assim...
Amo tudo que é subjetivo. Amo mesmo, de verdade. Tudo que cruza
a linha do invisível aos olhos, mas que é concreto nas medidas da alma - se é
que há medida para a alma, duvido muito que exista - me fascina.
Tenho, sim, tenho sempre comigo grandes histórias, mas de
pessoas que aparentemente são simples e comuns, vou contando-lhes aos poucos.
Uma de cada vez, na medida em que forem sendo necessárias e exigidas. Quando
não tiver uma história, terei então uma prosa ligeiramente doce, baseada em
histórias supostamente comuns. Ou quem sabe fale de mim, do que carrego comigo,
pode ser um medo infantil, uma necessidade urgente, uma aventura, uma descoberta,
um amigo... Ou quem sabe fale da saudade, afinal é ela que tem me preenchido esses
dias.
Contudo, o fato é: nasci mesmo foi p ra falar de
sentimento...
Texto adorável, falando de uma característica adorável! Ei, grande escritora, continue a nos preencher com grandes subjetividades, como as deste texto e como aquelas que quem convive com você sabe que você amana.
ResponderExcluirÉ tão bom se deliciar com seus textos, que este dom se aperfeiçoe a cada dia.
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