quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Um final de tarde...


O sol começava a se por, o céu já havia abandonado a calmaria azulada e tomava forma num vermelho tempestuoso, o vento soprava calmo e sereno. Quando o vento passava assanhava seus cachos castanhos, mas ela não estava tão preocupada com isso agora, tinha lido em algum lugar que isso fazia parte do cenário e, de alguma forma, a tornaria mais bonita.
Estavam há horas sentados ali, conversando sobre o céu, rindo do passado e brincando de inventar o futuro. Contudo, não tinham coragem de falar no presente, de decidir o agora e, ambos, continuavam ali.
Preocupados com o futuro... O futuro de um futuro relacionamento. As implicações e responsabilidades de um “sim”. Que se gostavam? Disso não havia dúvida. Mas e se não fosse suficiente? E se não soubessem o que fazer com o que sentiam? Se estragassem tudo? Ou, melhor, se fosse impossível um futuro relacionamento?
Ele ouvia cada palavra que ela dizia, como se estivesse com medo de perder algo e tudo era precioso demais para ficar perdido no ar. Como podia? Tudo o que se mais quer é o que mais lhe causa medo? Ela sorriu e, só por ela ter sorrido ele sorriu também. Ela estava falando há um tempo, mas não tinha problema porque ele gostava da sua voz.
A certeza de que o outro seria capaz de lhe compreender os segredos mais profundos pertencia aos dois, mas ninguém falava nada por medo de que ele ou ela se afastasse com medo. E por causa do medo ninguém fazia ou dizia, permaneciam reféns do silêncio.
Mal sabiam eles que já estavam em um relacionamento, sem cobranças, sem exigências, sem insultos, sem obrigações. Contudo, eles tinham embarcado por acaso, amor ou destino...  eles tinham embarcado no mesmo trem. Que coisa, não? E o medo... o medo não era de seguir em frente, mas de perder o que tinham, de transformar a magia em obrigações supérfluas que sepultariam o amor.
Às vezes, tornamos o amor uma coisa tão grandiosa que ele acaba por ser também inalcançável. O amor exige coragem, não o que o senso comum acostumou-se a chamar de coragem, não é de se armar que o amor precisa, mas, simplesmente, de se desarmar.
O futuro de um relacionamento, por incrível que pareça, não está no amanhã. O amor caminha de mãos dadas com o presente. Enlaçado com o respeito, confidente da empatia, amigo fiel da sinceridade, amante leal do bom humor, mas de mãos dadas com o presente.
É possível declarar o amor e não encher o outro de exigências, mas deixar o outro se encaixar e preencher o nosso vazio por livre e espontânea vontade.
Bem, como foi o fim da tarde, ou se eles foram corajosos o suficiente, eu não sei. Algumas histórias não merecem ter um único final, por isso deixo essa lacuna em aberta. O fato é que eu, realmente, espero que sim, que o amor seja declarado e vivenciado. Eles mereciam.

P.S.: Se alguns soubessem o quão raro é o amor, não seriam tão cautelosos em vivenciá-lo. Algumas oportunidades são únicas.














                                                         

Eu amo

Fiz da solidão a minha melhor companhia.
Do medo o meu maior suporte.
Do silêncio o meu melhor barulho.
Das palavras o meu pior fardo.

Em claro, passo grande parte das minhas madrugadas.
Tentando consertar o que não está errado.
Talvez, tentando enxergar o erro.
Se perdendo em tantas especulações.

“Respiro tentando encher os pulmões de vida.”
Eu quero e escapo...
Dessa vida de tantas escolhas e poucas verdades...
Embalo-me.

Queria mesmo era entrar no taxi pra estação lunar.
Sem coragem, mendigo...
Mendigo coragem.
Ou será só um convite?

Por você eu me colocaria a disposição para arrumar toda essa bagunça.
Mas, o motivo não pode ser você...
Tem que ser eu!
Só então caberá você.

Não precisa me compreender...
Só tenha a decência de não me julgar.
Eu odiaria isso vindo da sua parte...
Eu não sou só melancólica e, você, não é qualquer um.

Qualquer hora dessas eu me acerto.
Me aceito e me completo.
Ou talvez não...
O meu desacerto pode ser o meu maior acerto.

Só não esqueça que você é importante...
Só não escrevo “eu te amo”...
Por que eu dificilmente saberia como escrever isso...
Mas eu sinto...

Não como sentem os amantes...
Nem como amam os apaixonados.
Amo ao meu modo, meu tempo e minha maneira,
Eu amo.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Palavra

P  A  L  A  V  R  A
P  A  R  A
         L  A  V  A
                       R A R A
                                  A
                                          A  L  M  A     

D. Andrade