sábado, 30 de março de 2013

Sentimento abstrato...


"Assim como o cintilar das estrelas espiram aos que a elas dedicam um pequeno olhar, que a magia aconteça. Afinal, o mesmo mar que apavora uma multidão de povos é capaz de encorajar um pequeno velejador a conhecer o mundo."
D.  Andrade

Sentimentos, confusos..


          
Saudade a gente sente. Ódio é melhor expulsar. Inveja, só se for saudável. Esperança, sempre! Respeito, só se conquistarmos. Culpa, talvez o tempo leve. Consciência, a gente pesa. Trabalho, a gente soa. Família é pra ser abraçada. Piada, risos. Raiva, essa aí passa com o tempo. Perdão a gente ganha. Carinho, nós recebemos. Irmãos são para brigar, rir e gritar: “eu quem peguei o controle primeiro!!!”. Desculpa... a gente pede. Queimadura, passa pomada. Lágrima, o vento seca. Alegria, compartilha! Religião, fé. Admiração, a gente expressa. Infância, a gente recorda e rir. Medo, melhor se enrolar, e não vale deixar os pés de fora.  Mãe, ela é inexplicável. Solidão, a falta de um abraço. Faculdade, a gente escolhe. Felicidade só depende de cada um. Confiança é mais forte que concreto e mais frágil que cristal. Adolescência, hormônios. Paz, só se for de espirito. Pizza de frango com calabresa. Remorso, melhor não. Não, sim. Verdade, a gente conta. Mentira, a gente inventa. Amigos a gente escolhe. Amizade, só se for sincera. Sinceridade é melhor ainda quando é madura. Queda, dela se levanta. Falsidade a gente espanta. Assombração, corre! Susto se leva. Conta de luz, melhor não deixar vencer. Deus, supremo. Avó, sempre tem a melhor casa do mundo. Prazer, da vida. Indiferença machuca. Ciúme, um pouquinho é até fofo. Promoção, comemoração! Bom humor, todos os dias antes do café da manhã. Covarde, só se for para machucar o outro. Curiosidade, matou o gato. Vergonha, só se for de amor. E o amor? O amor à gente ama... e isso basta.

terça-feira, 12 de março de 2013

Sim, eu estou apaixonada.


Esses dias perguntaram-me porque há algum tempo não tenho tido relacionamentos românticos... Eu deixei que o silêncio respondesse essa tão insolente pergunta.
Desculpa, porém, eu estou em vários relacionamentos. Sim. Eu estou.
Recentemente, enamorei com uma poesia que pedia para que se compreendesse o silêncio. Foi paixão avassaladora, meu Deus... nunca alguém me compreendeu tão de perto.
Ontem mesmo, pisquei o olho para um poema, de Fernando Pessoa, que dizia que o poeta é um fingidor. Pois é... posso andar, viajar, mudar e crescer, mas basta esbarrar com esse poema e começa a  troca de olhares...
Tenho um caso sério com a literatura da Clarice, amor para a vida toda, desses que duram para sempre. Meu refúgio particular. Amor de louco, do tipo que concorda, discorda, não compreende, e ama.
Tinha um caso, às escondidas, com Vinícius de Moraes, chegou a tal ponto de loucura e ciúme que foi preciso tirar uma pedra do caminho e deixar pra lá.
Estou apaixonada por um texto que me diz que trancar o dedo na porta dói, só não dói mais que a saudade... Verdade! Sinceridade e simplicidade sempre mexeram comigo, e ele me dá tudo isso na proporção certa. Meu medo é que alguém descubra e por saber que há direito ao grito, comece a gritar.
Como se não bastasse todos esses relacionamentos, me arrisco, nas madrugadas, a carinhosamente abraçar alguém que quer flores, doces, música, vento e um monte de outra coisa.
Quando, finalmente, canso de tantos relacionamentos complicados, eu escolho ficar feliz e desejo mandar flores ao delegado, de bater na porta do vizinho e desejar bom dia, de beijar o português da padaria...
Se não der, eu digo que ou você me odeia descaradamente ou disfarçadamente me tem amor.
Caso tantas paixões não seja o suficiente, eu penso num sujeitinho que diz não ser nada, e penso, e penso, e esqueço.
Mas, não, não me venha com amor inventado. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Tic-Tac


Tic-tac, tic-tac, tic-tac,
Por que o ontem já é hoje e o hoje que há muito tempo já é amanhã.
Tempo, o famoso curador de todos os males que veio, ficou e foi.
Que cresceu na estatura de uma criança e, envelhecendo nos cabelos brancos de alguém, depois de nove meses nasceu cheio de esperança.
Ele trouxe o primeiro dia de aula, ensinou o primeiro beijo, mas também levou o primeiro amor.
Tempo que cura tudo. Cura ferida, saudade, amor, dinheiro, amigo, faculdade, emprego, decepção, saudade... Tempo que cura o tempo.
Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac.
Tempo que eternizou o amor de infância.
Imortalizando o abraço da mãe, guardou para si, em um momento, toda a segurança do mundo.
Tempo que rir do choro da primeira vacina.
O único sujeito que de tudo e de todos, guardou um pouquinho para si.
Na oscilação dos ponteiros tudo ficou codificado, arquivado, trancafiado.
Tempo que não volta mais.  
Tic-tac tic-tac tic-tac tic-tac.
Ontem Hoje Amanhã.
Tempo que engana, que mente, que finge!
Sujeitinho sem escrúpulos que insiste em prometer o amanhã.
Momento que passa... Desculpa... Já passou.
Ele sabe que a vida é hoje, mas, não se importa, continua imprimindo em panfletos mal elaborados o futuro.
Psiu... ei, ei?!
Você mesmo, seu complexo egocêntrico completamente apaixonado pelo minuto seguinte, deixa de esconder o prazo de validade, de quase noventa, dessa vidinha nossa? 
Revela pra essa gentinha que o amanhã, se ele existir, já não é nada.