Tic-tac, tic-tac, tic-tac,
Por que o
ontem já é hoje e o hoje que há muito tempo já é amanhã.
Tempo, o
famoso curador de todos os males que veio, ficou e foi.
Que cresceu na estatura de uma criança e, envelhecendo
nos cabelos brancos de alguém, depois de nove meses nasceu cheio de esperança.
Ele trouxe
o primeiro dia de aula, ensinou o primeiro beijo, mas também levou o primeiro
amor.
Tempo que
cura tudo. Cura ferida, saudade, amor, dinheiro, amigo, faculdade, emprego,
decepção, saudade... Tempo que cura o tempo.
Tic-tac.
Tic-tac. Tic-tac.
Tempo que
eternizou o amor de infância.
Imortalizando o abraço da mãe, guardou para si, em um momento, toda a segurança do mundo.
Tempo que
rir do choro da primeira vacina.
O único
sujeito que de tudo e de todos, guardou um pouquinho para si.
Na
oscilação dos ponteiros tudo ficou codificado, arquivado, trancafiado.
Tempo que
não volta mais.
Tic-tac tic-tac tic-tac tic-tac.
Ontem
Hoje Amanhã.
Tempo que
engana, que mente, que finge!
Sujeitinho
sem escrúpulos que insiste em prometer o amanhã.
Momento
que passa... Desculpa... Já passou.
Ele sabe
que a vida é hoje, mas, não se importa, continua imprimindo em panfletos mal
elaborados o futuro.
Você
mesmo, seu complexo egocêntrico completamente apaixonado pelo minuto seguinte,
deixa de esconder o prazo de validade, de quase noventa, dessa vidinha
nossa?
Revela
pra essa gentinha que o amanhã, se ele existir, já não é nada.