Domingo de manhã.
Acordo
cedo, mas me falta a coragem de levantar. Então, penso sobre o futuro, descubro
que eu tenho a obrigação de inventar e reinventar o amanhã quantas vezes for
necessário.
Estou
pelo avesso.
Sonho
de pálpebras abertas, canso de idealizar e me remexo nas cobertas, mas ainda me
falta á coragem.
A minha
cadela me olha e late. Ela já percebeu
que o dia amanheceu faz tempo, e também quer acordar.
Ignoro.
Finalmente
me enfado, nada de cama, cobertas, e fantasias. Levanto. Ainda com a roupa de dormir
alimento a cachorrinha, só depois começo a preparar meu café. Enquanto a água
ferve, divago se estamos sozinhos no universo.
Será?
Depois
ponho algumas seletas coisas no lugar, só para fingir que o meu subconsciente
vai acreditar que está tudo arrumado.
Coloco
para tocar Ana Carolina, quando na verdade eu queria mesmo era o silêncio.
Banho.
Ligo a
televisão.
Já é
Domingo à tarde.
Almoço.
Televisão.
Mudo de
canal.
Crise econômica, o mundo também
está pelo avesso.
Mudo de
canal.
Minha banda favorita está tocando
em um programa qualquer. Mas, eu nem tenho uma banda favorita.
Mudo de
canal.
Um filme de comédia. Estou sem
espírito de acreditar que o amor é algo engraçado e no final tudo vai ficar bem.
Mais
uma mudança de canal.
Eu
poderia está escrevendo.
Ou
lendo aquele livro maravilhoso, mas que já estar empoeirado na prateleira.
Ou
poderia começar uma revolução agora mesmo.
Ou quem
sabe realizar o sonho de passar uma tarde inteira deitada.
Talvez
eu devesse preparar aquela receita deliciosa que vi outro dia.
Não sei
mais o que assisto.
Tenho
vontade de fazer tanta coisa.
Penso
em gente que me esqueceu.
Lembro-me
de amizades que se foram.
Crítico
o radicalismo.
Enfado-me e tento escrever
poesia sem sentido para tentar aliviar esse tédio.
Não tem importância.
Afinal,
amanhã é segunda feira e a vida pede o ritmo de louco corajoso novamente.
Amanhã
eu vou encarar um leão bravo chamado sobrevivência.
E eu
ainda vou estar entediada e solitária.
Mas, me
faltará tempo para pensar nisso.