quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A aventura de viver...


Em um desses dias de sol, me peguei olhando antigas fotografias. Antigas, não pelo tempo, mas pelas mudanças. Pouco tempo se passou desde as últimas fotos, contudo há uma distância atemporal entre o passado recente e o presente fugaz.
Mudamos.
A roupa, o cabelo, o jeito de falar, a música que ouvia, o poema que lia. Mudamos. Contudo, ás vezes, continuamos a percorrer as mesmas avenidas, a entrar nas mesmas ruas sem saída e, não mudamos nada.
Viver é como dirigir. De vez em quando, é preciso parar e reabastecer. Encher o carro de combustível e se aventurar por novas estradas, novos rumos, novas pessoas. Não dá para passar o conjunto indefinidos de dias que temos neste palco imensurável dirigindo de casa para o trabalho, e só.
É assustador. E se eu me perder?
São os riscos.
Por vezes, perco-me numa nostalgia infantil, lembrando de coisas de quando era criança, as brincadeiras, os sorrisos, as histórias, os dias de chuva. Não sei... Tenho medo de que se tiver a oportunidade eu acabe voltando pra lá.
É perigoso, ficar preso ao passado.
Olhando as fotos, vi minha alma dentro de um corpo jovial, não que eu seja velha, não. Jovialidade é mais estado de espírito do que anos de vida. Como disse, não se passou muito tempo. Contudo, a mocinha da foto era diferente. Inocente. Corajosa. O tempo atemporal nos torna conhecedor e temeroso.
Eis aí uma linha tênue que deve ser considerada.
Depois de bater o carro algumas vezes, depois de inúmeros dias "perdidos" nas oficinas da vida, ficamos medrosos, queremos percorrer sempre e para sempre o mesmo caminho. Se é que queremos percorrer...
É possível percorrer sempre o caminho de casa pro trabalho e só. Não quero. Não quero porque há um mundo lá fora, há dias de chuva, há um nascer do sol pronto para ser visto, há um amor para ser amado e, principalmente, há um eu para ser vivido.
Quero parar. Sim, parar sempre que der na telha, parar no dia sol, parar na noite de lua e descansar. Descansar. Sem medo. Escrever uma poesia e deixar uma poesia me escrever.
Que você possa querer também.
E é justamente por querer que, hoje, me despeço da mocinha da foto. Ela foi uma aventura, mas já vivida. Quero outras.
Que venham novos rumos e destinos.
Sem pressa. Sem medo. Sem cobranças. Sem GPS. Sem malas pesadas. Sem hipocrisias. Sem utopias exageradas.
Com uma pitada de bom humor, leveza e sinceridade, que tenhamos boas aventuras.
Só não esqueça que se aventurar é bem mais que escalar uma montanha ou pular de um lugar alto. Ás vezes, aventura não significa altos níveis de adrenalina. Aventura é também um dia de calmaria.
Por fim, que não nos falte a coragem e a delicadeza de se aventurar em si mesmo e, nem a vontade de si aventurar em outros tantos. Afinal, essa é a aventura de viver.

2 comentários:

  1. Apesar de todos serem ótimos, é um todos meus preferidos. Está incrível, de verdade! saudades ;)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Rodolfo. Fico feliz que tenha gostado. Estava com saudade dos seus comentários.' :)

      Excluir