quarta-feira, 29 de maio de 2013

Minha esperança.


O meu consolo está no Senhor,
A minha esperança Naquele que tudo formou.
Nos braços Daquele que me conheceu nos primórdios da minha vida, está a minha alegria.
A minha força provém do Senhor, o Deus que entra no oculto da minha alma e conforta o meu ser.

Procurei e não achei algum outro que me amasse com tamanho amor e sinceridade,
Ainda que na minha fraqueza não merecesse tamanha misericórdia, Ele me amou.

Olhei aos montes e não achei, procurei no mar e não havia, vasculhei por toda a Terra e não encontrei, pois não há nada que possa ser comparado à plenitude do meu Deus.
Somente nos corações mais puros, em que o Justo e Verdadeiro faz morada, encontrei uma pequena fatia, chamada Caridade, mas, ainda assim, era pouco comparado ao amor do meu Senhor.

Esperarei em Deus, que com a Sua sabedoria me guiará por toda a terra e me fará cantar louvores.



Acompanha-me?





Haverá dias sombrios, escuros, frios e tristes.
Contudo, haverá dias que a vida vai somente sorrir, como uma criança que acaba de ganhar um pirulito.
É interessante como o mundo se torna apreciável em um único segundo, com um sorriso inesperado, com essas palavrinhas mágicas que mudam o mundo.
E então, em plena quarta-feira nublada, me pergunto por que estou tão preocupada com o futuro, com a vida e com tudo isso, tudo bem, amanhã talvez seja um dia difícil, mas e daí?
Haverá pedras no caminho, dias ruins, pessoas de má fé e, também, haverá um lindo sol nascendo carregado de possiblidades e oportunidades de fazer diferente o que não deu certo hoje.
Há! Como eu queria nunca esquecer o que sei tanto agora, que a vida mesmo sendo difícil, sempre, sempre e sempre, haverá um motivo para sorrir e dizer: Obrigado!
E sabe essa preocupação de definir felicidade, de saber se está realmente valendo a pena, esquece isso, vai?
Felicidade vem de dentro, para de tentar comprar, roubar, ganhar e adquirir a felicidade! Felicidade vem de dentro, de saber reconhecer a essência da vida, de dizer eu te amo sem qualquer outra intenção a não ser a de amar, de saber que não importa o que vier, pois haverá sempre alguém que vai cuidar de você e Ele não falhará.
As coisas dessa vida se encaixam, mais tempo ou menos tempo, tudo tende a se ajeitar, por que se preocupar?
Estou feliz, não por qualquer coisa, mas pelo simples fato de poder está feliz, afinal felicidade também é uma escolha.
Vou sorrir, mesmo que sem um motivo aparente, comemorar o dia hoje porque ele existe, tenho todas as oportunidades do mundo e escolho ser feliz. Acompanha-me?

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Carta eletrônica...


Aqui, em algum momento.
Olá, meu caro amigo, como vai? Ouvi dizer que seus dias tem sido difíceis, que a vida tem exigido muito dessa sua coragem e determinação. Queria poder dizer que vai passar e que daqui a pouco tudo fica bem, desculpe, mas não posso.
A vida também tem sido cruel comigo.
Meu relógio parou e há muito perdi o ritmo, queria tanto poder te contar e explicar tudo isso, você saberia o que me dizer e me faria criar esperança. Preciso da sua experiência, dos seus anos de vida, da sua coragem em me olhar nos olhos e perguntar-me o que houve, prometo que não há segundas ou terceiras intenções em tudo isso, é só uma conversa franca de amigo.
Há muitas coisas acontecendo do lado de cá.
Preciso da sua fé.
Queria te contar coisas que essas linhas não sabem escrever, que mensagens não contam e que sorrisos disfarçam.
Eu prometo que, depois de desabafar tudo isso, escuto você com atenção e, então, terei uma palavra de ânimo.
Da sua amiga,

P.S.: Tem gente que vê tempestade em copo d’água e, tem gente que vê tempestade e finge que é copo d’água. Eu, particularmente, tenho pavor de adivinho.
D. Andrade

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Não sou alérgica a (quase) nada.


Não sou alérgica a (quase) nada.
Tomo leite, aprecio peixe e frutos do mar, devoro amendoim, abraço meu cachorro e não sinto absolutamente nada.
No entanto, há uma coisa que me deixa de cama, tenho febre, dor de cabeça e, dependendo da situação é até caso de me internarem para tratamento de tão mal que fico. SO.BER.BA. Essa palavrinha me causa espirro de angústia.
Gente soberba, que se acha superior porque tem um carro do ano, mora em uma casa boa e tem uma renda familiar acima da média. Ha ha ha, me poupem de tanta hipocrisia!
Pessoas que não merecem respeito e sentem-se na obrigação de humilhar outros indivíduos para alimentar o seu tão apodrecido E.G.O., me poupem de suas arrogâncias.
Criaturas sem valores morais, não sabem ensinar os seus filhos a serem pessoas de bem, ensinam o preço de tudo e o valor de nada. Sociedade apodrecida.
Povinho que compra roupa de marca e perfume caro, mas banha a alma em um lamaçal de porcos. Perdoem-me a dureza das palavras, não estou generalizando, no mundo há pessoas, em todas as esferas sociais, de boa índole e que tentam fazer o dia de amanhã melhor. Contudo, há também uma massa de gente que veio aqui só pra azedar e entojar o mundo.
E, ainda por cima, andam por ai de cabeça erguida, como senhores de respeito, quando passam nas ruas as pessoas param e cumprimentam, os novos coronéis, influenciam na política, discutem religião e não valem um grão de mostarda.
Não pensem que esse texto é um protesto contra o mundo, porque não é! É só mais um espirro causado por essa alergia sem cura.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

?


- O que te sufoca?
- Elas.
- Elas quem?
- As palavras.
- As que são ditas?
- Não. As que dificilmente são ouvidas. 
                                          ...
D. Andrade

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Nostalgia


Saudade de brincar de executiva rica em quanto comia macarrão instantâneo na mesa da cozinha, de brincar que as almofadas eram tesouros e seriam roubados em breve, de rir até tarde da noite e ouvir a respiração de vocês em quanto dormiam.
Saudade de ter amores inalcançáveis, de ver você se gabando de coisas bobas que fez. Saudade de chorar por amor, de achar que a vida acabaria no amanhã, por que você teria ido embora.
Saudade do sorriso que, por tantas vezes, foi o meu chão.
Saudade de “matar a aula” na sala ao lado, de folhear os livros da biblioteca, de ser intrigada da minha futura grande amiga e depois fazer as pazes com pirulitos.
Saudade de ser revolucionária e, principalmente, eufórica em tudo.
Saudade de ouvir musica nova e ver clip velho no computador da escola, de tirar foto feia, de dizer que ia estudar e terminar assistindo filme, de ir à sua casa todas as tardes, de ler um livro novo e ti contar a história por inteiro. Saudade até das suas confusões amorosas.
Saudade de conversar besteira e se sentir gente grande, de merendar em casa no intervalo da escola, saudade de todas aquelas brincadeiras estúpidas que me arrancavam os sorrisos mais sinceros.
Saudade de estudar o dia todo com você, de rir á toa, de extraviar doses de coragem nos trabalhos de física, de ler contos novos ao seu lado, de fazer análises loucas e verdadeiras sobre a vida. Saudade de todos os bons e maus momentos vividos ao seu lado.
Saudade de merendar o salgado da Tia, enquanto conversávamos e, desacreditar e sorrir sem saber o que o futuro nos prometia. Aqueles quinze minutos deixaram eternas saudades.
Saudade de ter morado seis meses com você e ter dividido tantos sorrisos e tantas experiências.
Saudade de quando eu nem ti conhecia, de quando você era uma incógnita, e hoje, depois de você ter me surpreendido com tamanha personalidade, tenho ainda mais saudade.
Saudade de ler meus textos para você e ouvir perguntas que desejo que sejam feitas e te dar respostas vagas.  Saudade de você.
Saudade da nossa certeza que você era feliz.
Ah! Saudade... 

P.S.: Obrigada por me dar um leque de saudades e, principalmente, por ter me ensinado que as coisas “erradas” só deixam saudade quando são feitas com as pessoas certas. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Coração é que nem geladeira,


Hoje, enquanto aguardava alguém na calçada de uma loja de eletrodoméstico fui induzida a entrar, o motivo da minha indução foi um antigo desejo de consumo chamado geladeira. A geladeira que piscou para mim, me seduziu e me conquistou não era qualquer uma, era uma duplex de inox, enorme, linda, e muito inteligente.
Assim que abri as portas da geladeira, foi como se estivesse num oásis de sonhos, fui capaz de enxergar todas as suas prateleiras lotadas de comidas gostosas e tudo de delicioso que poderia caber ali. Fechei as portas e, pendurado do lado de fora um papel informava o valor do meu sonho: dois mil e alguma coisa.
Logo em seguida sai da loja e fui para casa.
Somente ao chegar em casa foi que percebi a grande relação que havia: Coração é que nem geladeira. Sim. Coração é como uma enorme geladeira.
A primeira analogia que constatei foi: é preciso muito cuidado para algo não estragar na geladeira. É necessário atenção no momento de armazenar os legumes, as frutas e as carnes, há locais em que congela com mais facilidade e, principalmente, de tempos em tempos é necessário esvaziar a geladeira, jogar fora o que a gente não usa faz tempo. Caso contrário, um item que estragou e que não foi descartado é capaz de apodrecer uma geladeira por completo.
Qual a diferença que há no coração? Nenhuma. Um sentimento ruim que guardado e armazenado por muito tempo é capaz de envenenar uma alma inteira. Se não soubermos onde colocar cada sentimento trôpego e ávido que possuímos a coisa também estraga, já imaginou sentir ódio quando deveria sentir saudade, ou quem sabe se apaixonar quando só há amizade?
Depois, por mais difícil que seja, é necessário esvaziar o coração. Tirar o que não usamos mais, o tomate que amadureceu demais, a lembrança triste da infância, o doce de caju que só foi consumido pela metade e envelheceu, a mágoa do amigo que chateou, o iogurte que ficou esquecido... Essas coisas velhas que não usufruirmos só ocupam espaço, deixam o coração pesado, arriscam apodrecer todo o resto e ainda escondem as outras coisas, ou melhor, os outros sentimentos maravilhosos que possuímos. Faz ideia de quantos bombons de chocolate tem esquecido atrás de uma caixa de leite vazia? Quantos sorrisos ficaram escondidos atrás de um orgulho infantil?
Em seguida cheguei à segunda simetria: tem dias que abrimos a geladeira e ela está lotada de doces, salgados, comida congelada, iogurte, leite, achocolatado, queijo, requeijão, refrigerante, suco, frutas, legumes e mais um monte de outra coisa... é um colorido sem fim. A verdade é que esses dias são logo após termos ido às compras. No entanto, haverá dias que iremos abrir a geladeira e só vai ter o básico, a cor predominante é um branco sem graça, somos preenchidos por um desejo de comer algo que não há na geladeira e uma angústia estomacal nos invade.
Com o coração é exatamente igual, há dias que tudo está colorido, somos preenchidos por uma vontade de nos declarar a alguém, que os sorrisos são soltos sem um motivo aparente, que perdoamos com mais facilidade, que nos lembramos das pessoas e ligamos ou até mandamos um sinal de fumaça dizendo “saudade”, esses são nossos dias coloridos. Mas, existem dias que tudo está branco e sem graça, não há nada que possamos fazer para tirar essa agonia, essa ausência de motivos para ser feliz.
Esse é o motivo principal para não deixar de ir às compras e renovar a geladeira. É indiscutível o fato de que não se pode comprar somente coisas supérfluas, afinal, ninguém quer morrer com diabetes de rancor, ou colesterol alto por consumir ilusões além da conta.
A terceira e não menos importante semelhança que há entre o coração e a geladeira: a maioria das famílias não abre mais a geladeira e se serve de um copo de água bem gelado, elas usufruem de um gelágua ou de um filtro. Não que a água gelada desses outros equipamentos seja ruim, não, mas nada se compara ao abrir da geladeira e o virar da garrafa no copo despejando uma água bem gelada. Eu diria que a sede não se mata ao beber a água, mas no abrir da porta da geladeira.
Com o coração é da mesma forma, haverá sempre outras fontes onde se poderá beber o amor, mas nunca deixe de buscar o autêntico e verdadeiro amor, ele fica meio escondido no meio de tanta tralha que jogamos dentro do coração. Como nas geladeiras modernas que no meio de tanta coisa industrial, ás vezes falta uma garrafa de água e, em algumas, se procurarmos muito, é possível achar alguma garrafinha perdida, o amor verdadeiro deve ser procurado e cultivado.
Ele não é o mais cômodo, concordo. Contudo, tenha sempre uma garrafa de água na geladeira, mesmo que não vá bebê-la logo, nem que seja só por precaução, afinal assim como o amor a água não tem prazo de validade.
Ah! Já ia esquecendo... A geladeira pela qual me apaixonei estava vazia, foi preciso imaginá-la cheia para que o sonho fosse realizado, alguns corações também estão vazios, será necessário coragem e esforço para preenchê-los. No entanto, lembre-se que algumas continuaram sempre vazias, ainda que lindas por fora, serão eternamente vazias, seja corajoso para seguir em frente e comprar uma nova geladeira e seja ainda mais corajoso para preenchê-la.
Por fim, saiba que a grande analogia entre corações e geladeiras está na sua função, ambos armazenam, então não importa se sua geladeira é linda, grande e tem muitas prateleiras se ela não conseguir armazenar e conservar o que é colocado lá dentro. 


Caio, e nada mais.


Caio acordou às sete da manhã de um sábado meio nublado, meio ensolarado, a sua cama Box de casal parecia ainda menor a cada vez que se espreguiçava, as cobertas todas jogadas no chão se misturavam com outras roupas que alguns dias atrás tinham sido deixadas ali.
Um vazio o preenchia, uma angustia por não saber se queria levantar e enfrentar o dia ou, simplesmente, continuar deitado ali vestido das roupas suadas e surradas da noite anterior. O tic-tac do relógio soava como o marcador de uma bomba prestes a explodir, a pequena quantidade de luz que entrava por uma fresta da janela incidia sobre os seus olhos e os faziam arder, o seu estômago começava a perguntar pelo café da manhã e uma dúvida do que fazer.
Bem, temos a inocência de que quando estamos angustiados a melhor solução é ficarmos quietos em um canto e tudo vai passar, meia verdade, não suportamos estacionar e apreciar silenciosamente a nossa dor. Caio também não aguentou, levantou e dirigiu se no meio de roupas, sacos de salgados vazios e folhas rabiscadas abandonadas pelo chão até ao banheiro.
Enquanto escovava os dentes olhou-se no espelho do armário, a sua barba precisava ser feita, o cabelo precisava ser cortado, a roupa precisava ser lavada, a casa precisava ser imediatamente limpa. Resolveu tomar um banho, na verdade a tentativa era de que a água fria que escorria no chuveiro levasse consigo toda a bagunça daquele ambiente.
Depois de meia hora com a água caindo sobre a sua cabeça decidiu que era o momento de ouvir o seu estomago, saiu do banheiro, usou um desodorante spray qualquer, que por sinal estava acabando, vestiu uma camisa vermelha e uma calça jeans. Caio caminhou até a cozinha, no trajeto tinha mais roupas e objetos largados pelo chão, perguntava se como as coisas poderiam estar tão bagunçadas, em que momento ele havia perdido o controle de tudo.
A pia estava lotada de louça suja, por toda parte havia embalagens vazias de comida congelada, na geladeira mais restos de comidas que deveriam ser descartados, pegou o resto do leite integral que tinha comprado no dia anterior e serviu-se com um cereal, não comeu nem a metade do que havia na tigela e deixou tudo de lado. Sentado na cadeira da cozinha, Caio olhava o vazio, a solidão e a bagunça do seu apartamento, estático ele assistia tudo aquilo com toda a surpresa de uma criança ao ver pela primeira vez um cão.
O apartamento parecia o de um desconhecido, o rosto no espelho parecia o de um desconhecido, a vida parecia a de um desconhecido. Caio olhou na direção da sala e viu ainda mais bagunças, os livros da estante estavam fora de ordem, as almofadas do sofá estavam perdidas, a televisão estava ligada e sem áudio e o vazio que sufocava todo o apartamento.
Ele levantou-se e com a mesma obstinação que a de um soldado que vai a guerra, disposto a colocar aquele lugar em ordem. Começou abrindo as janelas e deixando o ar preencher o lugar do vazio, desligou a televisão e ligou o seu micro system deixando tocar à música de Maroon5. Pronto. A tática de guerra tinha sido montada, agora era só executá-la. Mas, aquilo parecia um sonho de alguns segundos, Caio não tinha motivação para continuar, o vazio, a angústia e a solidão continuavam presentes.
Caio pegou as chaves do seu Corolla preto, foi em direção do elevador e desceu cinco andares até chegar ao estacionamento do prédio. Assim que saiu do elevador caminhou até o carro, e como que em sincronia com a casa o Corolla estava cinza de poeira, no vidro traseiro tinha o nome de algum desconhecido rabiscado. Ele entrou, sentou, ligou o carro e começou a dirigir até a praia mais perto. No caminho, os outros automóveis, os prédios altos e as pessoas o sufocavam ainda mais.
Uma cidade de concreto que o sufocava, exigia dele o que ele não tinha. Nas ruas, pessoas correndo apressadas para os seus destinos, ainda que naquele dia elas não trabalhassem, corriam apressadas pela força do hábito.  Caio estava cansado, sufocado, queria sair de si mesmo, queria ver a vida de outra forma.
Ao chegar à praia, ele se dirigiu até o mar, sentiu a água espumante molhar os seus pés e, mentalmente, Caio começou a apagar prédio por prédio da sua cabeça, depois de ter tirado todos os apartamentos luxuosos da sua mente, ele tirou a grande avenida que passava ali, depois as barracas, por fim ele apagou cada pessoa que estava ali. Foi um exercício longo, que exigiu esforçou, mas quando ele olhou a vista as suas costas era somente um deserto sem fim de areia, a sua frente um infinito de águas que se uniam ao céu.
 Sentou-se na beira do mar, sentindo o cheiro do sal e a brisa tocar o seu rosto Caio encontrou com o Caio. Ali ele era só ele, ali ele não precisava ser o garoto que tinha trancado a faculdade, ele não era o namorado de alguém que exigia atenção, ali ele não precisava planejar o futuro glorioso que as pessoas cobravam dele e que ele não fazia a menor ideia de como acha-lo. Aqui, na beira da praia, o Caio pode ser só Caio, não existe o amanhã, ele não precisa ser o amigo sábio que sempre vai saber o que dizer, ele não precisa resolver as complexas e intermináveis relações familiares, ele não precisa salvar o mundo do capitalismo e do consumismo, ele não necessita ser um atento cidadão que critica duramente o sistema, ele não precisa se preocupar com a sua alma gêmea ou com o seu amor para a vida inteira. Aqui, o Caio é só Caio e não mais Caio S. de Albuquerque.
De uma forma pouco natural ele se encontrou, reorganizou as ideias, respirou, percebeu que o sol começava a se pôr no horizonte e decidiu voltar para casa. Nesse instante percebeu que o carro continuava precisando ser lavado, a barba continuava necessitando ser feita, o cabelo cortado, a roupa lavada, a bagunça arrumada... tudo continuaria, pelo menos por enquanto, fora do eixo. O que não tem importância, afinal, agora, ele estava bem consigo mesmo. 
Ao invés de ir direto para casa, Caio passou em um barzinho perto dali, pediu uma bebida quente que o fizesse se sentir vivo, solicitou ao garçom que colocasse Maroon5 para tocar e começou a dançar sozinho em seu próprio ritmo.
Querem saber com detalhes a descrição dessa cena? Eu peço que imaginem uma parede branca, pronto? Agora comecem a jogar pequenos jatos de tintas coloridas nesse fundo branco, pronto? É mais ou menos assim que Caio está dançando ao seu ritmo em um barzinho por ai.


                                                                P.S.: Às vezes, é preciso parar, reconsiderar as prioridades, respirar e então pegar impulso novamente. 
Não faz mal parar um pouco, a vida é realmente curta, mas quem anda a cento e vinte por hora não tempo suficiente para observar a paisagem da viagem.