Muitos de nós já cruzamos a
linha imaginária e erroneamente ilusória de ser independente. Já andamos nessa
montanha russa chamada independência. Alguns enfrentaram cada decida, cada
virada de sentido, cada curva loucamente dada, em silêncio. Outros gritaram
loucamente, suaram as mãos, enjoaram, vomitaram, acharam uma companhia nada
pertinente, mas que na hora da subida para o despenhadeiro gritava também. E tem aqueles que ainda não chegaram à
maioridade, não tem a autonomia de simplesmente bater a porta do quarto.
Independência é uma só. Não há quatro formas de
ser independente, ou mil maneiras de emancipação. Há, sim, há milhares de gaiolas
visíveis e invisíveis das quais, todos os dias, lutamos para sair. A verdade é
que somos sedentos natos por aventura, por voar fora da gaiola, mas somos
também especialistas em entrar em cárceres, em nos aprisionarmos em jaulas e
então, buscar novamente a liberdade perdida para a vida poder fazer sentido.
O pai controlador, o emprego em horário
integral, o namorado ciumento, o status, o chefe, a mulher entediante, o filho
que dá trabalho, a menoridade penal, o casamento supostamente feliz, a faculdade,
o futuro, a banda de rock, o churrasco de domingo, o álcool na hora do
desespero, o passado, a mãe, o circulo social, os planos, o dinheiro, a medalha,
tudo não passa de gaiolas... Haverá um dia em que seremos independentes de tudo
isso?
Esquecemos-nos de que são essas gaiolas que de alguma
forma dão sentido a essa dança descompassada e improvisada chamada vida.
Esquecemo-nos de por na lista a maior prisão que pode existir, o EU...
Capazes de passar uma vida inteira em busca de
achar essa tal de independência, sem saber que a única coisa que precisa ser
realmente livre é a alma. Buscamos loucamente essa emancipação, sem saber que
essa utópica independência que estupidamente aprendemos, não é legal, ela é
solitária, vazia, fria, sem graça. Não fomos feitos para viver sozinho e não
depender de ninguém, somos eternos dependentes de companhia.
E aqui mora a verdadeira autonomia, somos
eternamente livres para poder escolher em que lugar acomodar uma parte da nossa
alma. Aonde depositar parte da nossa esperança, com quem dividir o nosso melhor
sorriso. Enfim, seremos sempre livres para decidir aonde e com quem nos iremos
“amarrar”, que riscos poderemos correr.
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