domingo, 7 de abril de 2013

Inocência


Quando ainda se é uma criança a maior dor é ralar o joelho, o maior medo é de arrancar o dente que ficou mole, a maior certeza é que a mãe vai resolver qualquer problema, a maior preocupação é com o trabalho de ciências sobre o sistema planetário, a melhor expressão é: “quando eu crescer...”, o maior desafio é planejar o futuro.
Na infância, a inocência é a maior e mais inédita fantasia que um ser humano é capaz de usar.
Até que... a gente cresce.
E crescendo a descobre mais um monte de coisa.
Descobre que existe dor maior que o machucado do joelho e que, por muitas e muitas vezes, essa dor vai ser invisível, não vai haver ferida, mas que, ainda assim, vai machucar pra caramba... E que mesmo maltratando tanto, não vai ser possível gritar e chorar, somente suportar.
A gente acabar por desvendar que há medos maiores e mais terríveis, que alguns vão nos acompanhar por grande parte da nossa vida, e que o pior medo que pode existir é o medo de confiar nas pessoas, mas que em algumas ocasiões ele será essencial.
Envelhecendo a gente percebe que o colo da mãe também não dura para sempre.
As certezas são poucas e mudam muito.
São tantas preocupações que surgem... E olha que eu ainda nem envelheci tanto.
A melhor expressão agora é: “quando eu era criança...”.
O desafio de planejar o futuro não mudou em nada.
Contudo, se querem saber outras conclusões que eu tirei, aqui estão elas...
Aprendi que o amor é meio louco, ás vezes ele aparece feito viajante que: veio, mostrou um mundo novo e foi embora. Ele também gosta de ser poesia, música, chocolate, lembrança, fotografia... O amor é eclético. Já o vi pintando de roqueiro e, enquanto dançava numa trilha sonora eletrizante sincronizou a batida do coração com a melodia da musica, já vi ele dançando sertanejo enquanto tocava poesia cantada de amor abandonado. Ah... Já vi o amor pulando carnaval vestido do arco-íris enquanto a neblina ameaçava cair.
Não sei...
Descobri que os simpáticos sabem como conquistar, mas é dos sábios a capacidade de se afastar sem fazer com que a casa desmorone e, principalmente, a sensatez do momento certo de voltar, ou quem sabe, a delicadeza de julgar ser necessário não voltar, mas, simplesmente, cuidar de longe.
Entendi que amizade tem mais haver com respeito do que com conceitos compartilhados e que solidão não é estar sozinho, mas perdido de si mesmo.
 O difícil foi perceber que nós não amamos certas pessoas, nós só amamos certos momentos que elas nos proporcionaram e nessa vontade descarada de voltar ao mesmo porto, aprendi e sofri ao perceber que um pôr-do-sol nunca é visto duas vezes.
Constatei que é possível se apaixonar várias vezes pela mesma pessoa, no entanto, o amor só nasce uma vez e, se for verdadeiro, ele nunca vai morrer. Vai mudar, se transformar e se adaptar, mas não vai morrer.
Talvez essa seja minha crença mais precipitada, mas não importa. No momento, eu quero e vou acreditar em almas gêmeas, em amor pra vida inteira, por isso mesmo escrevo, porque se amanhã isso mudar, ao menos terei a certeza que tentei.






2 comentários:

  1. Ninha linda escritora devo dizer mais uma vez o quanto amo seus textos, pois não me canso de le-los e admirar o como você escreve bem =))

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  2. Vc sabe oq eu acho dos seus textos,contos,cronicas ...tal.
    Não me canso de descobrir essa sua arte. : )

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