Não
diria que já amei de verdade, diria que eu já amei.
Ainda
assim, arrisco-me a falar desse tal de amor verdadeiro. Esse amor que os
grandes poetas eternizaram em suas psicodélicas poesias, esse amor que Vinícius
de Moraes disse não haver coisa melhor do que um amor correspondido, esse amor
que Caetano cantou dizendo “Eu te amo”, esse amor que volta e meia é falado,
comentado, cantado, interpretado, entendido, correspondido, abandonado,
redimido e alforriado.
Arriscaria ainda a dizer que, grande parte desses que se dizem amantes, e verdadeiramente são amantes, modernos, nunca sequer sentiram um respingo desse tal amor. Eles só banalizaram, com sua
ignorância incompreendida, essa palavra amor. Contudo, quem sou eu para julgar
os amantes? Quem somos nós?
A
maioria de nós estamos enovelados, enovelados com o que esse século
acostumou-se a chamar de amor. Essa extrema dependência do outro, esse ciúme
exorbitante, essa necessidade animalesca de se autodenominar dono do outro, essa
vontade de escancarar as necessidades e os segredos do ser “amado”, essa fobia
de se afastar um pouco, essa deficiência absurda de confundir amor com sexo e
vice versa, essa carência violenta de dizer “Eu te amo”.
Querem
saber? Há muita coisa entre o fascinante momento em que se apaixona e o
singular momento em que o autentico amor começa a genuinamente existir. Ás
vezes é só paixão, ás vezes é só o legítimo amor, às vezes é só o do meio. De
sorte que: todos sobrevivem por si só, todos são perigosamente apetitosos, em
conjunto são ainda mais fascinantes, e todos merecem ser pausadamente
compreendidos, seja como um ou como um todo.
Mas,
e esse tal de verdadeiro amor? Que troço ridiculamente complicado, hein?
Conheço
gente que jura, de pés juntos, que já amou de verdade, conheço gente que se diz
um impostor do amor incontestável, conheço gente que só amou, conheço gente que
diz que ele é tão verídico que, quase, quase mesmo, quase chega a ser palpável,
quase físico. Amor verdadeiro, amor verdadeiro. Amor verdadeiro?
Será
que ele é desses que amam a eternidade? Ou será desses que são voláteis e duram
segundos? Talvez ele só abomine o tempo. Abomine as medidas concretas e
precisas que inutilmente tentam delimitar e condessar o imensurável. Amor verdadeiro. Amor verdadeiro, esbarra comigo
em alguma esquina?
Tenho um amor por esse texto :) rs Parece que foi tirada uma fotografia do amor e você saiu analisando-a detalhadamente. Perfeito, continue a escrever.
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